Por Mariana Piana
Saindo de Congonhas/MG (leia aqui) dirigimos em direção à São João del Rei (110km) e chegamos à tarde.
A cidade é uma das poucas que ainda mantém viva algumas tradições como as procissões e as linguagens dos sinos. É conhecida como “A Terra onde os sinos falam” (só no Centro são mais de 30 sinos) e existe um som específico para cada ocasião: missa, procissão, enterro, festa ou celebração, cada um ecoa um som diferente pela cidade e os moradores reconhecem o significado. Por este motivo, São João del Rei faz parte das 9 cidades de Minas Gerais que o toque do sino foi tombado pelo Patrimônio Imaterial do Brasil.

Outra tradição ainda enraizada na cidade são os rituais durante a Semana Santa. É a única cidade (no mundo) em que as missas durante a Semana Santa são realizadas em Latim e com cantos gregorianos.
A cidade respira cultura, história e religião. Em 2007 foi eleita Capital Brasileira da Cultura. Ainda hoje possui duas das mais antigas orquestras sacras da América (bicentenárias). A cidade possui também inscrições rupestres datados com mais de 6 mil anos.
Em 1713 virou a Vila de São João del Rei e hoje é um destino turístico bastante conhecido dentre as cidades históricas de Minas Gerais e do Circuito Turístico Trilha dos Inconfidentes.
Ficou interessado na cidade, não é? Veja o roteiro de uma tarde por lá:
A cidade é pequena e em uma tarde foi possível conhecer bastante à pé. Estacionamos o carro do ladinho da Igreja de São Francisco de Assis e foi de lá que começamos nossa visita à cidade. A igreja datada de 1704 é referência na arquitetura colonial mineira. A fachada foi assinada pelo Mestre Antônio Francisco Lisboa, o famoso Aleijadinho. Foi tombada pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e atrás da igreja fica o cemitério onde foi sepultado o ex-presidente Tancredo Neves, nascido na cidade. A Praça Frei Orlando, onde fica a Igreja é linda e cheia de Palmeiras Imperiais.

Após conhecer a Igreja por dentro, seguimos pela Rua Padre José Maria Xavier até chegar no número 7, onde fica o Memorial Tancredo Neves. Fizemos a visitação ao museu, que possui 9 salas e que conta a trajetória deste importante político brasileiro.
Saindo do Memorial, estávamos na frente da Ponte do Rosário, construída em 1800 onde atravessamos para ir para o próximo destino, a Igreja Nossa Senhora do Rosário, no Largo do Rosário. A construção da Igreja é a mais antiga da cidade, de 1719. Ao ladinho da Igreja fica o Solar dos Neves, do século XIX, onde residiu o ex-presidente Tancredo Neves entre 1957 e 1985.
Seguindo pelo Largo do Rosário, na Rua Getúlio Vargas não pudemos deixar de notar o número de lojas de Estanho. A cidade é a única produtora de artesanatos com o metal no país, portanto é conhecida também como a Cidade do Estanho. Neste Largo fica também o MAS, Museu de Arte Sacra.
Ainda na Rua Getúlio Vargas paramos na Catedral Nossa Senhora do Pilar, de 1721. Seu exterior esta mal cuidado, mas em seu interior o delírio do barroco explode em ouro e cores vibrantes, ofuscando o olhar. Possui uma capela-mor lindíssima, um teto fabuloso, várias obras em talha e pinturas barrocas.
Seguimos pela Rua Getúlio Vargas até o final dela, onde fica outra igreja, a de Nossa Senhora do Carmo e fizemos uma pausa para um cafezinho muito bom na recomendada Taberna d’Omar, em frente à Igreja.
Depois de recarregar as energias, fomos andando até a Ponte da Cadeia. Atravessamos e voltamos até a Igreja de São Francisco de Assis, onde estava o carro.

Pegamos o carro e fomos conhecer o último destino do dia, a Estação Ferroviária de onde chegam e partem os passeios de Maria Fumaça de São João del Rei para Tiradentes. O percurso é feito de 30 à 40 minutos.
Esta Maria Fumaça foi inaugurada por Dom Pedro II em 1881 e é a unica locomotiva a vapor ainda em atividade no mundo. Pertinho da Estação fica também o Museu Ferroviário, tombado pelo IPHAN há mais de 25 anos. Neste museu, existe um vagão que era usado por Dom Pedro II.
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