Por Camila Moraes
Fazer um intercâmbio no passado, significava que os estudantes trocavam de casas/países simultaneamente com as respectivas famílias. A partir da década de 80 os programas se transformaram e atualmente o estudante consegue escolher por quanto tempo deseja ficar no país: considerando o tipo de curso e o tipo de visto aprovado (turista, estudante, estudo e trabalho etc). Além de aprimorar e dependendo do nível do idioma, o estudante pode fazer o high school (ensino médio), universidade, programa de férias e cursos para se especializar em sua área de trabalho.
A decisão de fazer um intercâmbio começa quanto você quer aprender ou aperfeiçoar um novo idioma e quanto você está preparado para respeitar, aprender e viver uma cultura diferente. Fazer um intercâmbio vai muito além de só diversão. Fazer um intercâmbio é mudar completamente seu estilo de vida: horários, alimentação, hábitos, meios de transporte, entendimento sobre outras culturas, amizades, planejamento e dinheiro.
Não sou “especialista” em intercâmbios, até o momento só realizei 1 por um período de 3 meses em Toronto/Canadá para aperfeiçoar o inglês. Então, o que irei relatar é a minha experiência e sugestões.
Como tomei a decisão?
Não iria trabalhar por alguns meses e para “aproveitar este tempo livre” que é raro, decidi fazer o intercâmbio. Entendi qual era meu objetivo com o idioma e como estavam minhas possibilidades financeiras. Meu objetivo com o idioma estava totalmente voltado para o lado profissional. Eu estudei por 4 anos o idioma, mas cometia diversos erros pela falta da fluência, nunca precisei usá-lo em meus trabalhos ou estudos no Brasil. Sempre sustentava o contato com o inglês através de músicas, filmes, séries, textos e sites, mas estava ciente que não era suficiente e que precisava do idioma para melhorar minha carreira e conseguir melhores posições e maiores desafios.
Como me organizei?
Eu só tinha tempo e investimento para 3 meses. Então levei em consideração alguns pontos que sugiro:
- Nível do idioma (iniciante, intermediário, avançado, fluente): Considerando sua forma de aprendizado e sua disciplina com os estudos, o tempo que deseja ficar no país é suficiente para o aprimoramento do idioma?
- O objetivo com o idioma é pessoal ou profissional? Faça esta relação com seu nível de idioma também. Observei que alguns estudantes escolhem cursos de idioma com foco profissionalizante, mas podem sentir muitas dificuldades dependendo do nível, pois, conhecem pouco do básico ou as principais regras do idioma e já optam por algo muito específico não absorvendo todo o aprendizado que poderiam, se escolhessem algo mais “geral”, desperdiçando tempo e dinheiro;
- Suas economias. Quanto pode gastar? Considere no orçamento:
– Tipo de curso (inglês geral, curso de verão, inglês específico para sua área de trabalho, preparação para testes com reconhecimento internacional como TOEFL/IELTS/TOEIC…): As opções são diversas. Quando chegar na escola, você fará um teste de nivelamento e conforme seu desempenho e realização de provas, você poderá avançar níveis de conhecimento;
– Hospedagem (casa de família com quartos e banheiros individuais ou compartilhados, residência estudantil com quartos e banheiros individuais ou compartilhados, casa compartilhada com outros estudantes ou casa individual): As agências trabalham com as opções casa de família ou residência estudantil. As demais opções podem ser mais baratas, mas você mesmo terá que pesquisar e negociar. Muitos estudantes quando optam por casa de família, compram apenas o primeiro ou os primeiros meses, após isso o estudante acaba fazendo diversas amizades e consegue encontrar pessoas para compartilhar uma casa e economizar dinheiro.
– Seguro viagem durante todo período do intercâmbio (exigido pelas escolas): Você pode fechar o seguro disponível pelas agências de viagem, seguro do seu cartão de crédito ou outras opções. Faça orçamentos e analise detalhadamente as propostas, os preços são bem diferentes.
– Despesas com emissão do visto: taxas consulares, envio de documentos pelos correios, xerox e autenticações;
– Valor extra para se manter (gastos com transporte, alimentação, lavanderia, compras, passeios, etc): Em alguns programas de intercâmbio, a opção casa da família (homestay) costuma ser mais cara, mas parte das refeições ou todas as refeições estão incluídas assim como a lavanderia, então vale a pena avaliar o custo-benefício desta opção;
– Passagens Aéreas: Diariamente as passagens têm valores alterados. Em seus cálculos, coloque uma média destes valores considerando todas as taxas (em voos internacionais estas taxas costumam ser bem altas e variam de acordo com o aeroporto). Não esqueça de considerar os kg autorizados pela companhia aérea. A franquia de bagagem em voos internacionais é maior que nacional, mas dependendo do local que você mora no Brasil, talvez você opte por comprar trechos separados no país até o aeroporto que te levará diretamente para o exterior, desta forma, pode ser que tenha gastos com excesso de bagagem dependendo do que está levando. Se tiver pontos/milhas aéreas, é um excelente momento para utilizar! Além de viagens, gastos no cartão de crédito acumulam esses pontos/milhas, se informe com o seu banco como funciona a transferência destes para os programas das companhias aéreas.
Para facilitar, fiz uma simples planilha em excel incluindo todos estes dados. Toda vez que eu recebia uma nova cotação, inseria os novos dados na planilha e conseguia comparar e organizar no detalhe as opções e ter ciência do valor total do investimento (em R$). Também fiz o controle do valor total em moeda estrangeira, pois, as agências a cada novo orçamento mandavam preços diferentes (o valor final flutua de acordo com o câmbio do momento da cotação). Exemplo: se no dia X a agência lhe enviou o pacote no valor de R$ 10.000,00, no dia Y este valor pode mudar para R$ 10.100,00 dependendo do aumento da moeda do país que você pretende estudar, ou poderá diminuir se a moeda cair. Organizar as cotações em moeda estrangeira não tem este problema (no caso do valor do curso + acomodação) por que este valor é fixo, assim é mais fácil perceber qual a melhor opção custo-benefício.

Por que optei pelo Canadá?
Os orçamentos que solicitei para intercambio em países como a Inglaterra, Malta e Irlanda costumavam ser mais baratos que outros países que possuem o inglês como idioma oficial. Porém, na época que tomei a decisão de realizar o intercâmbio (entre abril/16 e maio/16), desconsiderei rapidamente a Europa por três motivos:
- Os frequentes ataques terroristas que estavam acontecendo como os casos de Paris, Istambul e Bruxelas, ocorridos no período de novembro/15 a março/16;
- A cotação comercial do euro e da libra (para a Inglaterra) ultrapassando os R$ 4,00;
- As passagens aéreas com preços médios de R$ 5.500,00 (ida e volta).
Voltei a atenção para os países Canadá, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia. O Estados Unidos seria uma opção bem conveniente pois, eu já tinha visto e as passagens não estavam tão “salgadas”, porém, os orçamentos eram altíssimos (algumas vezes, quase o dobro do valor praticado na Europa), além da cotação da moeda ser uma das mais caras. Austrália e Nova Zelândia só descartei por um motivo, as passagens aéreas. Como são países bem distantes do Brasil, os preços estavam elevados.
O Canadá me conquistou em muitos quesitos: os orçamentos tinham bons preços, simplicidade e rapidez para tirar o visto, passagens aéreas acessíveis e a cotação da moeda em relação aos demais países pesquisados, mais barata. Ouvi comentários que África do Sul é uma excelente opção para quem procura “preço” em intercâmbios de inglês, mas sinceramente não sei dizer, pois, quando soube desta possibilidade, meu visto canadense já estava em andamento e eu já tinha estudado bastante sobre o Canadá, já estava encantada!
Utilizar agência de viagens/intercâmbio é mais caro?
Optei por fechar o intercâmbio por agência. De uma forma geral é mais caro, mas eu me senti mais confortável pelo total conhecimento do assunto que possuem: são muitos detalhes durante e após o processo que se você não tomar cuidado, pode perder dinheiro e como eu era “intercambista de primeira viagem” e não tinha tempo, decidi não arriscar. As agências têm também diversas opções de pagamento, o que facilita muitos casos. Fiz muitos orçamentos (mais de 40) com diferentes agências e consegui bons descontos no momento de fechar o pacote. No geral, o preço do curso + acomodação são os mesmos (definidos pelas escolas) o que diferencia são as taxas de cada agência ou alguma promoção oferecida por estas.
Relaciono algumas das quais me ajudaram nos orçamentos para curso de inglês em diversos países. A maioria delas possuem também opções de intercâmbios em outros idiomas (espanhol, francês, italiano, etc):
- CI Intercâmbios
- Intercultural
- Experimento
- Mundial Intercâmbios
- ICGroup
- EF (Education First)
- STB (Student Travel Bureau)
OBS: As EF e STB possuem escolas próprias e costumam ser mais caras que as demais, mas têm programas personalizados
Fechei o programa pela CI Intercâmbios (filial de Manaus) e fiquei muito satisfeita com o serviço, recomendo! Me auxiliaram bastante durante os orçamentos e também durante o intercambio em Toronto. Frequentemente eles faziam contato comigo para saber se estava tudo bem e se eu precisava de alguma ajuda. Também era fácil fazer contato com eles quando eu precisava de auxílio.
Pelas mesmas razões de utilizar agências de intercambio também optei por usar agência para retirada do meu visto canadense. Não fiz orçamentos para a retirada do visto por que preferi utilizar a indicação da própria CI. Usei os serviços da Global Visa (em Brasília), fiz tudo a distância, pois moro em Porto Velho (RO). Esta agência possui vários planos de atendimento, é bem atenciosa, sempre respondeu rápido todas minhas dúvidas e possui fácil recurso de acompanhamento online da solicitação. Também recomendo!

Converse com seu agente e pesquise bastante. Em alguns países, existem ótimas opções de cursos de idiomas que além de estudar, você pode ter também permissão para trabalhar, assim minimiza seus custos e/ou recupera seu investimento. Para que isso ocorra, seu visto precisa ter esta autorização também.
Quanto custa?
Você quer saber do principal, né? E os valores de um intercambio? Pergunta bem complicada! Como comentei acima, as opções de cursos de idiomas são diversas e varia muito entre escolas e países e isso gerou os 40 orçamentos que recebi e analisei. Para 3 meses em Toronto (Canadá), em casa de família com refeições incluídas, inglês geral de 20h/semana, os orçamentos variavam de R$ 16 a R$ 24 mil com o dólar canadense na média de R$ 2,80 (Maio/16 – época que fechei o programa). Lembrando que além deste valor, é preciso acrescentar o que já relatei: Seguro viagem, despesas com emissão de visto (se necessário), valor extra (mínimo recomendável) e passagens aéreas. Optar por um intercambio é O INVESTIMENTO por isso, ressalto novamente: esteja bem ciente do que você poderá encarar no outro país e organize suas economias.
Se tiver tempo para você mesmo fechar o seu pacote de intercambio e buscar as melhores recomendações de escolas, hospedagens, visto entre outras preferências, faça isso! Participe de fóruns/grupos a respeito do assunto e se informe bastante sobre processos consulares, você poderá economizar um bom dinheiro se tiver bem informado de tudo!
Tem mais dicas sobre intercâmbios? Comente =)
Gostei do post! Bastante conteúdo que relata realmente a realidade! Um ponto que está para ser alterado é com relação à entrada de brasileiros em território canadense. Existe a precisão de que entre outubro e dezembro será liberada a entrada de brasileiros em território canadense sem a necessidade de visto, apenas com o eTA.
Creio, também, que tão importante como verificar o preço é entender primeiro o motivo da realização do programa. Tenho conversado com muitos brasileiros que se dizem decepcionados com as escolhas feitas. Planejar é extremamente necessário. Particularmente indico a todos que tenham interesse em um curso “General English” que escolha uma escola grande, pois é um facilitador que permitirá que o nivelamento seja realizado de uma forma mais adequada. Um amiga que está no Canadá escolheu ir para um escola menor para fugir dos brasileiros e acabou se deparando com o problema de nivelamento em sala de aula.
É bom estar numa sala em que todos possuem basicamente o mesmo nível, isso permite um conforto maior em sala de aula. Existem uma série de observações quanto aos programas, mas fico por aqui! Parabéns pelo post!
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Olá Roberto! Que bom que gostou do post!! Concordo com você: Fazer um intercâmbio sem planejamento e sem informações claras não é investimento. E fugir de brasileiros é algo bem complicado. Essa foi minha primeira exigência enquanto pesquisava os países, mas depois entendi e pude comprovar durante o intercâmbio, que isso depende da sua disciplina com o estudo do idioma. Mesmo com amigos é legal “ficar no clima” afinal, estão todos aprendendo inglês! E se brasileiro chegasse falando português comigo, eu respondia em inglês, eu era chata, eu sei rsrsrs! Mas eu sempre lembrava a razão de estar ali. 😉
Abraços!
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